A carochinha era uma linda menina, muito querida e amiga dos seus amigos. Gostava de fazer muitas coisas mas uma era preferida: sentar no colo do avô. O avô da carochinha contava longas estórias acerca de bichos encantados e princesas e bruxas que não eram assim tão más. Um dia, numa dessas histórias, o avô da carochinha contou como a princesa Felisbela tinha encontrado o cavalo Gilberto. O cavalo Gilberto não era cavalo, nem carocho, era um pardalito que fora há muitos anos transformado, por feitiço e pela fada má, em equídio. Mas, o Gilberto habituou-se a ser cavalo e preferiu assim ficar pois dizia: "Antes cavalo sem voar que pardalito de telhado, pequenito e sempre sujeito às intempéries sob qualquer telha emprestada".
O Gilberto corria pelos campos quando conheceu a princesa Felisbela. Ela colhia flores de primavera e cantarolava "la ra la ro la.... que linda que é a manhã .... la ra la ro la..." quando viu aquele elegante cavalo, com uma estranha expressão de ave. Foi amor à primeira vista. E a princesa Felisbela com o seu cavalo apardalado, passeou para sempre feliz pelos prados verdes e floridos.
A moral da estória, explicou o avô, à carochinha é: "mesmo que o teu amor pareça ou seja um cavalo, não te esqueças que no seu coração pode morar um pequenino e sensível pardalito ".
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